Turismo

Mangaratiba (RJ) encanta com praias e igrejas

Mangaratiba é ótimo exemplo de um tipo de turismo que puxa para outro muito diferente. No caso, as praias levam às igrejas. Há uma explicação lógica para o fato de que a maioria dos visitantes que se encantam com os centenários templos do município fluminense estava, na verdade, de passagem para destinos praianos.

Igreja Matriz de Nossa Senhora da Guia (1795), no centro de Mangaratiba, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Conceição de Jacareí (1847), e a Igreja de Sant’Anna, em Itacuruçá (1846), são localizadas de frente para o mar ou no caminho obrigatório de roteiros para as belas ilhas da região.

E as três também estão em roteiros de turismo religioso, que atrai católicos e visitantes interessados em joias históricas, tombadas por instituições de Patrimônio. Basta uma olhada de soslaio, a caminho do mar, para não resistir ao convite para entrar e apreciar a beleza preservada.

As fotos dessas preciosidades poderiam ficar mais atraentes se não fosse a fiação elétrica aérea tão exposta. Apesar da importância do turismo para a cidade, a prefeitura ainda não tomou a iniciativa de embutir a fios de eletricidade nem em frente ao principais sítios históricos, como as igrejas seculares.

Matriz de Nossa Senhora da Guia

Sesc RJ na Estrada- Mangaratiba
Igreja matriz foi construída pela comunidade tupiniquim que fundou a cidade (Band/Divulgação)

A principal é a Igreja Nossa Senhora da Guia, a Matriz, em homenagem à padroeira da cidade. Começou como capela erguida entre 1620 e 1630, em uma aldeia de índios. Este é um dado curioso e raro, pois não é comum encontrar templos religiosos construídos por indígenas.

A capelinha original virou o altar da atual Igreja, que passou por obras de ampliação até ser inaugurada em 1795. “É interessante por várias peculiaridades”, diz a historiadora Míriam Bondim, da Fundação Mário Peixoto, de Mangaratiba.

“Não é toda ao estilo barroco, mas tem alguma decoração com essa influência italiana. No altar, fios de ouro – doado por fazendeiros – circulam a madeira em rococó. É lindo e singelo”, afirma a historiadora.

A obra mais visitada é a imagem do Senhor Morto, do século 18. A fachada é de ladrilhos portugueses, e o telhado é todo original – “atualmente, precisando de conserto urgentemente”, frisa Míriam. Possui apenas uma torre e tem vista para o mar.

Nossa Senhora da Conceição, de 1847

 

Igreja Nossa Senhora da Conceição, em Mangaratiba
Igreja Nossa Senhora da Conceição

A historiadora também conta que a segunda igreja, a Nossa Senhora da Conceição, é, na verdade, uma capela construída em 1847, “bem pequena e simples”. Ela fica de frente para a praia, no Calçadão de Conceição de Jacareí. “Não tem esplendor, e este é um ponto atraente forte. É uma simplicidade acolhedora.”

Foi construída por pescadores, com fachada branca, uma porta grande e duas pequenas janelas pintadas em azul. O ambiente lembra ilhas gregas, como Mykonos, onde todas as construções são neste padrão.

A aparência franciscana se mantém no interior, onde o altar não ostenta riqueza alguma e exibe apenas uma imagem da santa. Consta que os barcos de pesca miravam a pequena torre como guia e proteção para retornar ao lugarejo, todo santo dia.

A igreja de Sant’Ana, em Itacuruçá

Igreja de Sant'Ana de Itacuruçá: história em Mangaratiba
Igreja de Sant’Ana de Itacuruçá: história em Mangaratiba

No terceiro maior distrito de Mangaratiba, Itacuruçá, está outra joia do turismo religioso à beira-mar: a Igreja Nossa Senhora Sant’Ana, da década de 1840. Ela é bem diferente da simplicidade vista em Conceição de Jacareí. “Bonita, grande, com muito ouro”, atesta Míriam.

Essa igreja fica praticamente na praia de Itacuruçá! O fiel que quiser mergulhar no mar precisará apenas atravessar a praça homônima – onde um Coreto e um Cruzeiro se misturam a banhistas e quiosques – e dar alguns passos para chegar na areia.

Neste contexto, não é de se estranhar que banhistas e fieis não sejam distinguidos por roupas ou comportamento. “Os turistas de Mangaratiba sempre acabam visitando as igrejas, isso é fato. Nosso potencial histórico e religioso é importantíssimo. As praias e ilhas também representam muito para o setor turístico. No fim, tudo se soma”, diz o mangaratibano Cary Cavalcante, professor universitário aposentado.

Segundo ele, por ser passagem para a barca que leva turistas à Ilha Grande, a Igreja de Jacareí é muito visitada. “As pessoas estão passando e vêem aquela arquitetura antiga e original, não resistem”, afirma.

Praias puxam o turismo

Orla de Itarucuçá, ponto muito visitado em Mangaratiba
Orla de Itarucuçá, ponto muito visitado em Mangaratiba

De fato, passeios marítimos para ilhas como Itacuruçá, Martins e Jaguanum, e destinos praianos são responsáveis pelo maior movimento turístico no município, que fica na região metropolitana do Rio, a 85 quilômetros da capital.

As praias mais procuradas são Ibicuí, Conceição de Jacareí,  Santo Antonio, Praia Brava, Praia Grande e Muriqui. Mas Cavalcante dá uma dica para quem quer paz: “As praias da Ilha de Guaíba não têm bares, música ao vivo, confusão. São tranquilas.” Quem, entretanto, quiser movimento, ele sugere ir para Muriqui.

Uma das agências que atuam na área é a Corsário Negro Turismo, de Andrea Flores. “Priorizamos o turismo náutico voltado para eventos em escunas, explorando a beleza das ilhas tropicais. Temos passeios diurnos e noturnos”, resume Andrea.

Os preços são fornecidos sob consulta, mas há opções coletivas baratas, com passagens em torno de R$ 10, por exemplo, para a Ilha de Itacuruçá. Chegando lá, basta seguir as trilhas para as praias. O turista pode levar sua bebida e comida e deve seguir a orientação de carregar o lixo produzido de volta.

Todas as igrejas são abertas à visitação, mas não ficam abertas o tempo inteiro. É aconselhável ligar para a Casa Paroquial a fim de garantir que terá alguém no local para receber os visitantes.

Créditos: Eliane Lobato / DIARIO DO PORTO

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