Berçário de jacarés: a próxima atração turística do Parque Orla em Niterói (RJ)
Um berçário de jacarés promete ser a mais nova atração turística do Parque Orla Piratininga Alfredo Sirkis (POP), na Região Oceânica de Niterói. Descoberto por biólogos e profissionais que atuam nas obras do parque, o local vai ganhar sinalização especial e intervenções para garantir a segurança dos visitantes e dos animais.
“Estamos fazendo uma reserva natural delimitando o espaço de proteção para o nascimento dos animais, para sua reprodução. Vale ressaltar que não estamos interferindo no processo natural. O que vamos fazer é identificar o lugar para preservá-lo e para proteger o ciclo natural dos animais”, afirma a bióloga do POP, Andrea Maia.
O guarda-corpo será instalado ao longo do canal de cintura, desde o jardim filtrante do Sistema Cafubá, em direção à Ilha do Pontal. Placas informativas sobre esses animais, seus hábitos, alimentação, reprodução e curiosidades também vão ajudar a ampliar a comunicação com a população e incentivar a preservação.
A também bióloga do POP Heloísa Osanai conta que muitos filhotes estão nascendo no local porque o ambiente está preservado. Nunca houve registro de ataque dos animais justamente porque eles têm os alimentos que precisam na área. Ela ressalta que o cuidado deve ser não alimentar os jacarés porque o alimento deles já existe na natureza e o ato de jogar alimentos para tentar ver os jacarés pode atrair outros bichos e desequilibrar a cadeia alimentar.
“A área da Lagoa de Piratininga, próxima ao Cafubá, guarda uma biodiversidade de espécies botânicas muito interessante, fundamentais pra eles. A jacaré fêmea faz o seu ninho próximo às margens, às plantas macrófitas. Esses filhotes se protegem nas raízes das macrófitas. Ali existe um ambiente de proteção onde eles vão se camuflar. Cada jacaré coloca até 40 ovos de uma vez. Mas alguns nascem prematuros e são presas fáceis para outros animais, como abutres. Isso é muito importante para a cadeia alimentar. Essa área é ótima para os filhotes, porque há girinos, insetos e eles podem se alimentar. Por isso chamamos de berçário”, explica.
Os animais ficam próximos ao canal e jardins filtrantes do Parque Orla Piratininga (POP), no Cafubá. Os jardins filtram as impurezas das águas da chuva e das três principais bacias hidrográficas que desaguam na Lagoa de Piratininga, devolvendo água de qualidade para a Lagoa.
A Prefeitura de Niterói está investindo R$ 100 milhões nas obras do POP. Além dos jardins filtrantes, o Parque terá quatro píeres de contemplação e seis de pesca, 10.6 km de ciclovia que se integrará ao Sistema Cicloviário da Região Oceânica, 17 áreas de lazer, 3 mirantes e um centro eco cultural voltado para educação ambiental. Ele foi planejado para proteger e recuperar os ecossistemas da Lagoa de Piratininga e o seu entorno, recuperar a qualidade ambiental das águas, evitando a chegada de sedimentos e nutrientes, além de oferecer equipamentos de lazer, recreação, contemplação, cultura e educação ambiental.
As obras de infraestrutura somadas às boas práticas ambientais de todos os moradores e frequentadores do local vão contribuir para a proteção das espécies importantes para a região.
Sobre os jacarés
Os jacarés encontrados no Parque Orla são os Caiman latirostris, popularmente chamados jacaré-de-papo-amarelo, já que durante a época reprodutiva estes animais ficam com a região do papo amarelado. Eles são encontrados às margens de rios, brejos, mangues, riachos, lagos e lagoas e se alimentam de mamíferos, peixes, aves, répteis, crustáceos, insetos e moluscos.
Nos países da América do Sul podem ser encontrados na Bolívia, Paraguai, Brasil, Argentina e Uruguai. No Brasil são mais vistos do litoral do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul e parte sul da região centro-oeste.
A expectativa de vida dos animais é de cerca de 50 anos. Sua cor é esverdeada, com o ventre amarelado, o focinho largo e achatado e pode medir até 3 metros de comprimento. Os jacarés são animais de hábitos noturnos e durante o dia formam grupos para tomar sol. Seu período de reprodução é entre janeiro e março, época das grandes enchentes.
Fonte: O Fluminense