As plataformas de streaming não apenas revolucionaram o consumo de entretenimento, mas também influenciaram diretamente o turismo global. Séries, filmes e documentários tem dispertado o desejo de explorar novos destinos, impulsionando economias locais e transformando cidades em verdadeiros cenários de viagem. Neste painel, que ocorreu no estande da Embratur Lab com a Itaipu Parquetec, Daniel Celli e Mariana Polidorio, diretora de políticas públicas da Netflix no Brasil, discutiram como o streaming está moldando as tendências de viagens e a percepção sobre o Brasil a partir de conteúdos que falam do país.
No início do painel, Mariana Polidorio trouxe uma pesquisa feita em 2021 pela Netflix com consuidores de serviços de streaming de sete países, como Argentina, México, Estados Unidos, Alemanha, Espanha, França e Austrália. A ideia da pesquisa era entender como os consumidores de audiovisual e de streaming desses países estavam se conectando com o conteúdo brasileiro e o que despertava neles quando assistiam séries e filmes brasileiros em termos de afinidade cultural. “Quando as pessoas são questionadas sobre o que elas gostam de ver nessas obras brasileiras,as respostas variam entre diferentes elementos. […] Paisagens de natureza, estilo de vida e esportes foram mencionados. […] O conteúdo brasileiro pode sim atender nessas audiências de outros países um sentimento de afinidade cultural com o Brasil…”, afirma a diretora de políticas públicas da Netflix Brasil.
Nesse sentido, essa pesquisa possui uma relação direta com o turismo, pois as produções cinematográficas brasileiras gera um interesse para vir conhecer o Brasil. Mariana Polidorio comentou também que essa mesma lógica pode ser vista e usada dentro do país, pois uma pessoa de uma região pode assistir um conteúdo que retrata um espaço, uma cidade ou outra região do Brasil, e isso desperta um interesse de turismo doméstico também. “…E coisas que foram ditas são interesse em visitar o Brasil, explorar outras partes desconhecidas do país, porque às vezes a pessoa já conhece o espaço e acaba se interessando por um outro“.
A palestrante mostrou ainda, em slides, que na pesquisa, os entrevistados demonstraram maior interesse em visitar o Rio de Janeiro e em seguida São Paulo. Na sequência, Amazonas, Brasília, Salvador, Bahia, Porto Alegre, Recife, Maceió e Florianópolis.
Para compor a mesa, Daniel Celli, coordenador da Rio Film Comission, explicou a importância do audiovisual para o turismo da cidade do Rio de Janeiro. A cidade recebe muitas histórias audiovisuais ao longo do ano, como o recente filme “Ainda Estou Aqui” (2024), que ganhou um Oscar e foi filmado no Rio. Ele citou que a casa usada nas filmagens é um case de turismo cinematográfico, já que virou um produto turístico, um roteiro que os espectadores do filme vão querer vivenciar.
Em outro exemplo de case de sucesso turístico, o palestrante citou a série “Emily in Paris” (2020). “Você fica com vontade de ir à França, conhecer Paris, comer as comidas gostosas que aparecem nas histórias, viver aquela cultura, porque a série teve sucesso”. Ao ser perguntada sobre como transformar esse desejo despertado pelas séries em ações concretas do turismo, Mariana Polidorio mencionou agentes de turismo que propõem um tour de Emily in Paris aos turistas, podendo passar no café, restaurante, loja, avenida que a protagonista foi, mostrando quais cenas se suscederam no local.
Em “Senhor dos Anéis”, Celli comentou o quanto o filme aumentou em 300% o turismo na Nova Zelândia. A história não retrata o país efetivamente, mas ainda assim as pessoas se interessam em conhecer o lugar. Já sobre a série da Netflix “100 anos de solidão”, Polidorio explicou que mesmo sendo uma história fictícia, a obra fala muito sobre a população colombiana, e, embora não se vincule especificamente a uma localidade que já existente, o filme acaba sendo um símbolo da cultura, da tradição e, consequentemente, a espaço gera interesse por visitação.
Créditos: Turis News
